Uma das grandes barreiras que nos limita a encarar o envelhecimento com tranquilidade e leveza está além das mudanças físicas do nosso corpo e diz respeito ao nosso estado de saúde mental e emocional. Nos preocupamos com o fato de, a longo prazo, não podermos contar com as nossas cognições “acertadas” na tomada decisões e até mesmo temos o medo de não conseguirmos cuidar de nós mesmos. Além do que, nos assusta (e é comum, claro), o possível estado de dependência do outro.

Trago essas reflexões aqui para o cuidado com a demência, que, inclusive, está além de somente o Alzheimer que muito fala-se a respeito. A demência abrange diversos diagnósticos que não falamos, justamente por ser “normalizada” ao longo do nosso processo de senilidade. Números de pessoas com demência e doenças mentais, no Brasil e no mundo, só crescem. No nosso país, por exemplo, cerca de 2 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência. A expectativa é que esses números tripliquem até 2050. Segundo estimativas do projeto Global Burden of Disease, os números podem vir a chegar a mais de 150 milhões, devido ao envelhecimento da população. 

As demências vêm do declínio geral das nossas habilidades mentais como perda de memória, linguagem e raciocínio. Ao evoluir, elas limitam nossas atividades diárias e afetam nossas relações interpessoais, e não devem ser vistas apenas como o “processo natural de envelhecer”. É preciso cuidado, empatia, carinho, conscientização.  

Por isso, é necessário se atentar que a prevenção e uma melhora de qualidade de vida também é necessária. Posso dizer que aqui temos um tripé: o eu, o nós e o todos. É preciso que cuidemos da saúde do nosso corpo e da nossa mente igualmente ao longo da vida de uma forma atenta. Também, é essencial pensarmos que existe uma sociedade inteira necessitada de tornar consciência e de políticas púbicas necessárias para os cuidados com demência no Brasil e no mundo. Mais ainda, precisamos saber cuidar de verdade das pessoas ao nosso redor que sofrem com demência. Saúde mental é essencial no processo.

Partindo do cuidado conosco, coloco aqui aos pontos que devemos estar atentos para nos precavermos da doença ao longo da nossa jornada de vida. Precisamos considerar que é importante: 

No contexto familiar, ou de alguém que acompanha um paciente com demência, aqui vai um recado: CUIDE-SE! O processo de estresse e a ansiedade gerada em tudo o que você vive, é intenso! Além disso, este papel é pouco reconhecido e valorizado pelo restante da família e sociedade como um todo, o que pode deixar sua importância de lado. Não deixe que isso aconteça. 

Não raro, percebe-se o esgotamento físico e mental de quem cuida desses pacientes, com prejuízos em sua vida pessoal, transtornos mentais, impactos na vida profissional, financeira e social, que apontam para a necessidade de implementação de serviços de saúde que funcionem como suporte para eles, bem como para a importância de uma rede de apoio articulada que dê conta de ampará-los. Sempre que possível, peça ajuda e delegue tarefas. Estar só, neste processo, pode ser realmente demais a qualquer um! 

No cuidado com o paciente, o terceiro e mais importante, talvez, tópico do nosso tripé (que mencionei anteriormente), é essencial que saibamos como lidar e cuidar. O cuidar é além de só prestar apoio. É saber acolher, ouvir, respeitar. Por isso, devemos sempre lembrar de: 

Certamente, este é um tema que extrapola o cerne da nossa vida para entrar nos âmbitos sociais e políticos que envolvem os cuidados integrais com a saúde. E como tal, precisamos constantemente lembrar da importância deste tema ser revisitado e debatido. Por isso, entendo que os cuidados consigo, com os outros e com o todo são um convite a pensarmos mais em soluções e estratégias para a proporção de mais qualidade de vida. Fica aqui, por fim, a reflexão da importância de levarmos adiante um cuidado real, humano e um olhar mais atento ao diagnóstico da demência.  

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