Pode até parecer uma tarefa simples, mas conseguir identificar e expressar o que se sente é difícil, mais ainda entender de onde vem as emoções sentidas e quais são os nossos gatilhos mentais e emocionais. Não se trata simplesmente de saber se está triste, feliz, com raiva ou medo, mas sim reconhecer além: o que aconteceu para essas emoções surgirem? O que motiva essas emoções? Quais são os gatilhos que as despertam? Por que o sentimento foi este e não outro? Todas essas perguntas são alguns exemplos das reflexões que fazem parte do processo de autoconhecimento e de lidar com quem somos e nossas emoções.
A terapia ajuda a identificar os gatilhos
Apesar de não ter receita, buscar ajuda profissional é importante e a terapia pode auxiliar no reconhecimento dos gatilhos emocionais. Chalise Maris Martin Reges, psicóloga da Vibe Saúde, explica que nossas emoções são uma forma de abrangermos o mundo que nos cerca a partir da nossa interação com ele.
“Sabemos o quanto as emoções respondem ao ambiente ou aos acontecimentos e que elas podem, inclusive, gerar sensações agradáveis ou desagradáveis, fisiológicas e até físicas”, explica. "Essas sensações podem também ser o despertar desses gatilhos e até gerar crises de ansiedade", completa.
Por isso, fazer terapia é essencial. O espaço da psicoterapia é um local seguro e sem julgamento. Ali, com diálogo, cria-se um vínculo de confiança com um profissional que auxilia na identificação das emoções básicas, para que aos poucos elas possam ser trabalhadas e para que a pessoa, de acordo com a sua individualidade, aprenda a identificar seus gatilhos emocionais que desencadeiam sentimentos ruins. Além disso, a terapia apoia no processo de tomada de decisão, ajuda no desenvolvimento de autoconfiança e ensina a lidar com a vida de uma forma mais saudável”, completa Chalise.
Identificar gatilhos emocionais ajuda a acalmar a ansiedade
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil tem o maior índice de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo. Muita gente já perdeu uma noite de sono por conta de uma preocupação ou sentiu algum sintoma físico devido à crises de ansiedade.
“As pessoas sabem que algo está mexendo com elas, mas talvez só não tenham a real ideia de quais são os gatilhos emocionais que podem desencadear uma crise de ansiedade. As emoções dão um jeito de nos mandar um lembrete, um alerta. A urgência é o chamado das emoções, de que, sim, precisamos de um olhar um pouco mais atento para cuidar de maneira mais autêntica e transparente de nós. Por isso, como falamos, fazer terapia contribui para este processo”, diz Chalise.
A partir do início de um acompanhamento terapêutico, com o tempo, cada vez mais, fica mais fácil entender o que é o gatilho emocional, como podemos melhorar nossa relação com as nossas emoções, com as pessoas e com a nossa própria vida.
É possível controlar as emoções?
O gatilho é um chamado para isso. É possível controlar as emoções? O que se aprendeu com o sentimento? Qual reação foi provocada? O filósofo Jean-Paul Sartre resume bem a explicação para essas perguntas em uma das suas frases mais conhecidas: “O mais importante de tudo não é o que fizeram de você, mas o que você vai fazer, com o que fizeram de você”.
Por que lutamos tanto para não sentir as emoções e o que elas nos convidam a olhar? "Acredito que está mais relacionado ao não ter sofrimento, mas não percebemos que é justamente nessa tentativa inútil do tentar fugir da dor, que dói”, completa.
Sentir é preciso e é normal
A especialista Chalise Maris Martin Reges complementa que sentir é importante para todos. “Pode ser que já tenha acontecido uma situação muito delicada que doeu, a ponto de as pessoas preferirem, mesmo que por um momento, não sentir mais nada.”
Mas, na vida, o ser humano tem sensações desagradáveis e não está isento de sentir algum tipo de incômodo e ter gatilhos emocionais. Ter recursos emocionais para aprender a lidar com os pontos delicados é um caminho para melhorar a trajetória de aprendizado e melhorar a saúde mental.
Algumas dicas importantes para lidar com seus sentimentos e ajudar no seu bem-estar emocional:
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Ficamos preocupados em apenas sentir as emoções agradáveis. Permita-se sentir a tristeza também;
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Busque estratégias para enfrentar e lidar com as adversidades e emoções, que inclusive, te proporcionem melhor bem-estar: escreva, se comunique, reflita medite e o mais importante, faça terapia;
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Coloque seus sentimentos para fora, sejam eles felizes ou tristes;
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Reconheça seus limites. Se imponha, não tenha medo de dizer “não” quando necessário;
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Nomeie as sensações que sentiu para que possa identificá-las e entender os gatilhos que te levou a senti-las.
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Passe menos tempo nas redes sociais. Elas podem inconscientemente gerar comparações.
Reconhecer limites é importante
Um ponto chave é o reconhecimento de limites e de estímulos que, assim como as emoções, são mensageiros. “Nomear o que é e o porquê dessa sensação ser um estopim é uma tarefa diária, e que nem sempre se faz ser executada com rapidez. É preciso paciência, além de muita honestidade consigo. Lembrar de que fugir da dor está fadada já à frustração, então que possa se abrir à autocompaixão. Além disso, vale lembrar que a terapia é essencial."
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